5º DOMINGO DO TEMPO PASCAL – ANO A

Caros irmãos e irmãs em Cristo!

Estamos no coração do Tempo Pascal! Cada domingo desdobra-se na Liturgia a riqueza da Páscoa de Jesus Cristo. Quanta sabedoria Deus nos ensina: a graça de termos Deus como Pai; a nossa condição de filhos no Filho; a vitória e a libertação do pecado; a liberdade interior em Jesus Cristo; a alegria de sermos servidores do Reino; o dom de amar as coisas do céu e da terra.

As leituras, o salmo e, sobretudo o Evangelho são muito ricos neste Tempo Pascal. A luz da Ressurreição ilumina nossos corações e nossos passos neste tempo.

Possivelmente não temos a oportunidade de celebrar a Eucaristia em nossas Paróquias e Comunidades devido ao cuidado fraterno de não nos contaminarmos ou contaminar os outros, com a onda da pandemia do coronavírus que assola o mundo. Os meios de comunicação, com as missas transmitidas, ou mesmo, as celebrações da Palavra em família nos ajudam a fazer esta caminhada.

Um olhar para o início do Tempo Pascal nos ajuda a situar a caminhada realizada até o momento. No segundo e terceiro domingo da Páscoa o Evangelho nos apresentou as aparições do Ressuscitado aos seus apóstolos. No segundo domingo, Jesus aparece aos Onze reunidos no Cenáculo (Jo 20,19-31) e proclama a grande bem-aventurança: “Felizes os que creem sem terem visto”! A vida nova comunicada pelo Ressuscitado pode ser vista e apalpada pelos apóstolos. Hoje, nós cristãos, não podemos mais ver com os olhos físicos o Cristo Ressuscitado, mas com o olhar da fé, participamos e comungamos da sua vida; e mais, participamos da grande bem-aventurança: “cremos sem precisar de sinais e milagres”!

No terceiro domingo da Páscoa tivemos a bênção de caminhar com Jesus com “os dois discípulos de Emaús”!  Jesus que abriu a inteligência dos discípulos e a nossa para compreender as Escrituras, e nos demonstrar que Nela encontramos a Palavra da Vida, e a sublime capacidade de reconhece-lo no partir do pão, ou seja, em cada Eucaristia.

A maravilhosa liturgia do quarto domingo da Páscoa é chamada de “domingo do Bom Pastor”! Jesus se apresenta como a Porta das ovelhas e como o Bom Pastor (Jo 10,1-10). Ele é a porta, porque é através dele que chegamos à salvação. É Bom Pastor porque cuida de cada um de nós, conhece quem somos e somos capazes de ouvir a sua voz! Que bênção saber que o Senhor nos conhece, ouve nossa voz e nós ouvimos sua voz de Pastor! Quantas vozes hoje não nos levam a nada; a voz de Cristo nos leva ao Tudo, que são os bens do céu!

E agora, neste quinto domingo do Tempo Pascal, Jesus se apresenta como “caminho, verdade e vida” (Jo 14,1-12). Fazemos como que “um olhar para trás”, antes de Jesus passar pela morte, ouvindo atentamente suas palavras no chamado “grande discurso de despedida” (Jo 14–17). A liturgia assim nos insere na memória de que o Cristo Ressuscitado é presente no hoje da nossa história. Sua forma de estar presente é diferente; agora está presente em Espírito, mas não menos intensamente! Seu testamento aos discípulos e a cada um de nós são as belas e suaves palavras de conforto: “não se perturbe o vosso coração […] tendes fé em mim”! Suas palavras soam aos nossos ouvidos com grande força, pois diz que sua partida para a casa do Pai tem uma finalidade: preparar-nos um lugar! Lá existem muitas moradas, e uma delas é reservada a cada um de nós. Somos gloriosos já agora, porque participaremos um dia da grande glória de Cristo! Não existe maior presente como este…

Na leitura do Evangelho percebemos que os discípulos não entendem as palavras de Jesus, e talvez para nós também ainda se torna obscuro, e nossa fé seja pequena. Porém, Jesus nos garante um caminho para lá chegar. Foi o que ele disse a Tomé: eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida! Com a sabedoria que o Senhor nos concedeu, meditamos cada uma de suas palavras e o que elas significam:

  • Caminho na Bíblia é o modo de proceder, a prática da vida, que agora passa pela adesão à Jesus.
  • Verdade é o que o ser humano tem como meta, que é o contrário da mentira, da iniquidade. Não temos dúvidas que as Palavras de Jesus nos conduzem à verdade sobre nossa vida e orientam tudo, inclusive o nosso futuro. Portanto, não há o que temer!
  • Vida não significa somente a eternidade, mas plenitude e realização interior. Talvez nem as pessoas que são tão importantes na nossa vida, tem força e luz como a que o Senhor é capaz de nos conceder! Por isso, como é bom saborear na sua Palavra e na Eucaristia a vida que Ele nos dá!

Assim, resumimos nosso percurso de reflexão: Jesus caminho que conduz, verdade que liberta e vida que nos dá plenitude. O que o Senhor nos concede, é uma parte do céu já antecipado!

Aliás, a fé em Jesus, faz com que lembremos de suas palavras: “Quem me vê, vê o Pai”, como Ele disse a Filipe. Hoje poderíamos interpretar: “quem está na minha presença, ou comunga da Pão da Vida, ou ora com a Palavra, e vive na caridade com o próximo, experimenta as coisas do céu, onde está o Pai. Muitas coisas ruins, muitos pesos demasiados do dia-a-dia são aliviados na comunhão com Jesus. Não é por nada que um dia ele disse: “vinde a mim todos vós que estais cansados, e eu vos aliviarei…”

É bonito também olhar e meditar a primeira leitura dos Atos dos Apóstolos 6,1-6: a constituição dos Sete Diáconos da Igreja primitiva. Além do crescimento da Igreja, tema dos domingos precedentes neste tempo pascal, o livro de Atos agora nos leva a meditar a organização da Igreja primitiva. Os Doze Apóstolos estão ocupados com o testemunho e o anúncio. Por isso, ordenam Sete diáconos para o serviço da caridade. O número sete na bíblia lembra a perfeição. A Igreja deve ser perfeita na caridade. A Igreja nascente nos lembra que a comunhão com Cristo significa anúncio do Evangelho, testemunho de vida e serviço fraterno. Talvez poderíamos lembrar: “nada deve ser feito sem amor e testemunho”!

A segunda leitura, uma joia rara da Primeira Carta de São Pedro (1Pd 2,4-9) nos transmite a bela mensagem que, unidos pela fé na rocha que é Cristo, recebemos todos os privilégios que Deus concedeu outrora ao seu povo escolhido: o sacerdócio santo do batismo, a oferta da própria vida, a santidade, a luz maravilhosa que retira as trevas do nosso coração. Quantas coisas! Acho que nunca nos cairá a “ficha” de tudo o que Deus já nos concedeu através do seu Filho!

Ao término da nossa reflexão, quem sabe, depois no seu quarto, ou em um lugar especial que você preparou, você possa meditar e orar com a liturgia deste final de semana repetindo várias vezes no seu coração, como que um fundo musical, o refrão do Salmo deste domingo (Sl 32): “Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma como em vós nós esperamos”! Isto porque como nos diz o final do Salmo: “o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem, e que confiam esperando em seu amor”!

Feliz e abençoado domingo!

Pe. Claudio Roberto Buss,scj

Baixar a homília

Posted in Pe. Claudio Buss, scj.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *