VOCAÇÃO E ALIENAÇÃO

Aos moldes de Cristo, a Igreja é a voz que proclama um Reino diferenciado pelo seu conteúdo. Diferente das propostas que recebemos do mundo, Jesus nos chama a acompanha-lo até onde Ele mora. São João ilustra essa cena no capítulo primeiro de seu evangelho, no verso 38: “[…] Jesus perguntou: ‘o que estais procurando?’ Eles disseram: ‘Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras? Jesus respondeu: ‘Vinde ver.’ Foram, pois, ver onde Ele morava e nesse dia permaneceram com Ele.” A procura é algo natural ao ser humano e, assim, aquele que nega procurar sentido ou rumo em sua vida viverá alienado de sua vocação primeira: permanecer com Jesus na jornada de sua existência.

Ser vocacionado à vida religiosa dehoniana supõe um modo específico de seguimento. A permanência na presença de Cristo, para um dehoniano, é, assim como o amor e a reparação, característica implícita que dá identidade ao religioso. Ir até Jesus e ver onde Ele mora é o assumir da responsabilidade de fazer a pergunta “Onde moras?” e obter a resposta. Conhecer sua habitação exige a coragem de doar-se pela causa do Reino que fora proclamado caminhando atrás de Jesus vida afora, consciente daquilo que escolheu.

Essa escolha é exatamente contraditória ao modo alienado de viver de quem, como um adolescente rebelde, nega suas responsabilidades e vive sem perspectiva de futuro. Ser religioso dehoniano é assumir o compromisso proposto por Cristo e fazer dele seu propósito. A vocação, portanto, é, para nós, um determinante valoroso, porque indica o rumo certo por onde ir quando temos muitas opções a escolher, mesmo quando já demos um “sim” ao projeto cristão.

Digamos, então, um sonoro “Sim” à V.O.C.A.Ç.Ã.O que Deus nos dá como bússola para a caminhada na fé; e um “Não” à A.L.I.E.N.A.Ç.Ã.O que, por vezes, nos guia de forma velada no percurso terreno da vida religiosa. Pelo testemunho de muitos dos nossos confrades, podemos ter pistas para descobrir por onde tem andado o Cristo. A proposta é fazer de nossas comunidades lugares privilegiados de partilha, onde não custe nada perguntarmo-nos uns aos outros: onde mora o Senhor?

 

Fr. Eliseu Ramos, scj

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